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29.1.09

Não Bata No Vidro!



Uma expressão conhecidíssima a todos os que já foram a lojas onde são comercializados os tão belos peixes ornamentais... Diversas cores, nacionalidades, tamanhos... Apenas isso, "Não bata no vidro"; é só isso o que eles pedem, mas, é tão difícil parar na frente de um aquário e ver que os peixes dali não nos dão atenção... Bater no vidro parece instigante!
É deliciosa a vontade, o prazer, o desejo de chamar a atenção daqueles animais tão pequenos, tão baratos, que não nos percebem a presença!
Podemos até considerar que a idéia de bater no vidro seja apenas um desejo reprimido – ou explícito – de mostrar que sermos desprezados – e por um peixe! Um peixe! – é tão desconfortável e inaceitável...
O peixe ornamental nem ao menos é racional, nem ao menos pode nos julgar! Não, não é questão de racionalizar os pensamentos e sentidos, ou não, é apenas uma questão nossa: precisamos fazer com que o animal nos olhe, que faça graça para quem passa, assim como um cãozinho que quer ser adotado!
Mas, comparar um peixe a um cão, é um pouco demais, mesmo os dois pertencendo a mesma classe: são animais, irracionais.
Até agora, se você não parou de ler isso, é porque está certo(a) de que irá achar algum sentido para tudo o que escrevi; e isso é bom, já que entendo, assim, que você tem interesses – ou loucuras – que se adaptam aos meus – às minhas!
Somos sempre os que batem no vidro, por mais que não queiramos!
Chamamos a atenção dos outros, porque viver sem ser notado, é como não viver.
Queremos que as pessoas nos olhem; queremos que elas vejam nossa sobrancelha feita, nossa unha pintada, nosso novo corte de cabelo; não chamar a atenção é sentir-se encolher...
Até quando damos o desprezo a alguém, estamos deixando a pessoa com tanta vontade de bater no vidro, que estamos nos responsabilizando por tudo o que pode vir a partir dali.
Sentir-se rejeitado é como ser expulso de uma realidade; é como sentir a areia deslizar por entre os dedos, sem conseguir controlar; e não ter o controle é desesperador.
Queremos manter sempre o controle, sempre o foco; e isso se compara, muito, com o fato de "batermos no vidro"...
Já sentiu um nó na garganta, de raiva ou medo, por sentir a frieza de alguém? Assim como aquele peixinho ornamental sem graça que lhe dá as costas, quando você está tão empolgado, sorrindo para ele? Aquele nó de amargura, de abandono?
Infelizmente, em algum momento de nossas vidas, somos ignorados ou abandonados por alguém; seja por uma pessoa, seja por um peixe. E neste momento é que pensamos mais nas questões do abandono, na falta, no vácuo.
Porém, assim como para nós é péssimo nos abstermos da companhia de alguém, desprezando, pode ter a certeza de que para a pessoa desprezada o gosto de incomodar é tão bom – ou tão ruim – quanto o que você sente.
Lembre-se: Não bata no vidro, mas, porque mesmo não devo bater? Por que incomoda os peixes, o som para eles é altíssimo...
O peixe ignora você; você bate no vidro; o peixe se incomoda com o som; e mesmo assim não te olha... Transformando isso em palavras simples:
Alguém ignora você; você usa de toda a sua capacidade para incomodar a pessoa; o ignorante incomoda-se com suas tentativas de irritar-lhe, mas, ainda assim, não lhe dá atenção...
Conclui-se que, ignorar ou ser ignorado é péssimo: não há lado bom para nenhuma das partes.
Bater no vidro é questão de consciência; cada um de nós sabe até onde podemos ir para chamarmos a atenção de alguém; será realmente necessário "bater no vidro" para isso?
E, não esqueça: Não Bata no Vidro!

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