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15.3.09

A História do Desejo

A Rainha sentou em seu trono,
Observou seus suditos,
Sorriu para seu Regente.

O Rei olhou a sua volta,
Encarou os guardas,
Desprezou o Clero e observou a mais bela escrava.

As escravas olhavam o príncipe,
Que olhava uma camponesa,
Que ironizava o vendedor de frutas.

Aquele era o Reino da cobiça,
Da luxúria,
Da vingança.

Poucas pessoas se concentravam em suas vidas,
Em sua realidade,
Em seu mundo.

Todos queriam sempre mais,
Sempre além,
Tudo.

A Rainha traía o Rei com o Regente;
O Rei suspirava pela escrava belíssima.

As escravas deliravam pelo Príncipe,
Mas ele rendia homenagem à uma inútil camponesa.

O Vendedor de Frutas desejava a camponesa,
Mas era pobre o suficiente para ser rejeitado.

As pessoas não se contentavam com o que tinham,
Pois tudo o que tinham era fácil,
Era tradiconal.

Buscavam o diferente,
O além-casa;
Queriam conhecer o horizonte que se apresentava nublado.

E belo dia...

O Rei morreu,
O que fez com que a rainha se casasse com o Regente.

O Príncipe irritou-se e pediu a camponesa em casamento.

Loucas de ciumes,
As escravas assassinaram o príncipe no dia de sua lua de mel.

O Regente,
Vendo que a Rainha já não tinha herdeiros,
Aplicou-lhe um golpe de estado.

Inconformada,
A Rainha tirou sua própria vida.

E,
Assim,
O Regente reinou único e sozinho;
Tendo sob seu poder,
Todas as escravas do Reino.

Esta é a História do Desejo,
Que vai de encontro a Fidelidade,
Ao companheirismo e,
Principalmente,
A cumplicidade.

13.3.09

Foi-se o Tempo

Foi-se o tempo...
Da Entrega Total;
Do Valor Inestimável;
Do Sabor Insoso;
Da Felicidade Parcelada;
Do Prazer Inigualável;
Da Rotina Intitulada;
Do Virgor Casual;
Do Amor Incondicional.

Foi-se o tempo...
Do Esforço Irreconhecido;
Da Batalha Perdida;
Do Tesão Esporádico;
Da Inquietação Diária;
Da Tristeza Imposta;
De Lutas Cansativas;
Da Cegueira Acomodada;
Da percepção zerada.

Foi-se o tempo,
Em que o 'seu querer',
Era o meu 'te dar'.

Foi-se o tempo,
Em que o seu Desprazer,
Era o meu 'não querer mais'.

Foi-se o tempo em que palavras soltas,
Sem qualquer ligação,
Me diziam algo.

Foi-se o tempo...

10.3.09

Caixinhas de Vida

E pus,
Ali,
Minha vida.

Vida alegre;
Sem rancores;
Sem medos ou amores mal remediados.

Em momento algum esperei que algum viesse,
Cuidar ou tomar para si a minha caixa;
A minha vida.

É algo sério,
Único...
Vitalício.

Não esperava que chegasse qualquer ser,
Empenhado em se fazer guardião;
Ninguém poderia guardar melhor minha vida.

E o tempo passou.

Não só dias;
Ou meses.
Passaram-se anos!

E veio,
Com o tempo,
O Guerreiro da Vida.

Entrou no Castelo de meus dias calmos,
Galopando seu cavalo de rédeas curtas;
Não parou enquanto não olhou-me e sorriu.

Não havia muito o que dizer,
Ele havia sido enviado por Deus,
Ou por qualquer outra divindade!

Tinha uma aura de energia branca,
Terna,
Protetora.

Não houveram palavras.

Ele parecia saber onde eu havia guardado os segredos de minha vida;
Onde estavam as minhas dores;
Os meus sonhos.

E não roubou de mim!
Pediu,
Com beijos de carinho e amor.

Não titubeei;
Apenas assiti que ele fosse;
Chegando ao horizonte.

Levou consigo tudo o que eu tinha;
Todos os meus ideais e sonhos;
Todos os meus segredos e medos.

E hoje apenas observo da torre mais alta do Castelo de meus dias tensos...
Aguardo o momento de vê-lo ao longe;
Trazendo de volta tudo o que levou...

Mas,
O Guerreiro da Vida,
Apenas vem para levar nossos sonhos;
E,
Se não soubermos controlá-lo e dominá-lo...
Toda nossa vida passa a ser um rabisco disforme,
Em meio a quantidade enorme de obras de arte espalhadas pelo terreno volumoso da vida.

Amadeirado

Parece perseguição!

Esse cheiro amadeirado, cismando em estar em meu olfato.

E com ele, as lembranças...

Lembranças de momentos carnais, prazerosos e enebriantes!

Sinto como se acontecesse agora:

O membro rígido penetrando meu ser;
Tornando-se parte de mim;
A voz engolfada de prazer;
Os dedos trêmulos dançando em meu corpo;
O calor do teu corpo febril fazendo-me suar;
A sua fúria de tesão incontrolável...

E no fim,

Apenas o cheiro amadeirado paira pelo ar denso...

9.3.09

Prazer Absoluto

Ela foi atirada contra a parede, com muita força.
Seus olhos reviraram, buscando sair da alienação provocada pela pancada.
O agressor a olhava, com olhos furiosos.
A cólera de seus olhos a deixava piamente muda, de pavor.
O próximo toque, veio em forma de absoluto desejo contido.
Ele não dizia nada, apenas arfava, enquanto buscava acariciar cada parte daquele corpo frágil, jogado na parede fria.
Ela sentiu quando seu sexo foi penetrado, como um templo profanado, de forma violenta.
Os dois olharam-se.
Ela sentia um desejo absoluto pelo homem que a molestava.
Ele desejava a santidade daquela criatura de lábios de mel; os beijava.
Eram beijos cada vez mais desesperados; mais alucinados.
E suas bocas desceram aos seus sexos; e seus sexos excitariam-se mais, se fosse possível.
O prazer tomou conta dela, inundando-a como um mar de absoluta certeza do orgasmo perfeito.
Ele a abraçou, sem carinho, apenas por comodidade; e entrou no mesmo transe de prazer.
Não houve amor.
Não houve mais nada.
Não se falaram, pois dizer qualquer coisa, acabaria com a certeza do momento.
Prazer Absoluto.

Escritos e Escritores

Qual é o seu escritor favorito?
E porque ele é seu favorito?
Machado de Assis, Jorge Amado, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Pedro Bandeira, Monteiro Lobato... E por aí segue a lista extensa de grandes autores da lingua brasileira... Talentosos, inteligentes, astutos, criativos; mas, acima de tudo, seres humanos.
Um bom escritor consegue olhar para si, ver o que falta em sua obra e o que seus leitores gostariam de ler ali, de ver representado naqueles personagens tão corajosos e aventureiros; a graça de todo livro está aí: no desejo que temos de nos aventurarmos, assim como aqueles perfeitos personagens fictícios, lúdicos e ícones de força e coragem.
Claro que, para toda regra, há uma exceção e aí entram os escritores que pouco se preocupam com o que os leitores querem, mas não fazem isso por se acharem superiores a nós, apenas porque querem expressar que suas imaginações lhes permitiram - aceitar que devem escrever o que seus leitores querem é quase abdicar de seu dom em prol de uma iniciativa comercial barata (e, sim, alguns escritores - a maioria - pefere ter um livro que não se torne um best seller, mas que lhe alivie o peso da criação de sua alma)...
Aos que pensam nos leitores, restam as pesquisas e a prática absurda da escrita popular... Deixar tudo bem detalhado, mastigado, frouxo, para que, cada um imagine o que quiser, dentro dos parãmetros estipulados em seus textos...
Particularmente, costumo esmiuçar bastante tudo o que escrevo, detalhando fatos e cenas, personagens e situações, falas e pensamentos, justamente para fazer com que o leitor esteja pensando dentro do que foi proposto, do que eu queria passar a ele... E acredito que deixar a leitura 'aberta' (para que cada um pense o que quiser) seja tão bom quanto; toda a forma de leitura desperta a curiosidade e a criatividade nas pessoas.
Se você é leitor(a) assíduo(a), vai perceber que quando está com um livro de Sidney Sheldon em mãos, sente-se entrar no mundo dele... É como se ele abrisse uma porta fantástica e mágica e te puxasse para dentro daquele mundo tão parecido com o real, tão fabulosamente projetado, que não há espaço para as suas criações - ele completa todo o vácuo que poderia haver em qualquer instância. Claro que, se você lê um autor não tão detalhista, que te deixa perder o fio da meada em quase todos os capítulos e faz o personagem envelhecer, sem nem ao menos dizer que o tempo está passando, a sua mente terá tanto que trabalhar, tanto que criar, que você acaba encarando aquela leitura como "maçante" e desiste dela no meio.
Detalhar, esmiuçar, contar com riqueza de fatos e ações é um ponto positivo para qualquer escritor; quanto mais rico o vocabulário, mais visado e desejado será seu texto, livro, crônica ou poema.
Nós gostamos de pessoas que expressam inteligência em palavras belas e bem colocadas; se é diferente, logo, não é tão bom - parece que o escritor sabe menos que nós.
Todavia, toda expressão de cultura e educação é bem-vinda e muito bem aceita.
Precisamos cada vez encarar que, sem divisão de conhecimento, não há conhecimento algum.

7.3.09

Beijo Apaixonado

As linhas sinuosas daquele corpo o faziam delirar...
Ver aqueles belos olhos, encarando-o com prazer.
Aquele toque delicado, centrado, macio, deslizando suavemente pelo seu corpo...
Cada segundo daquele momento era infinitamente terno.
Doce, era o sabor de cada beijo;
Salgado, era o suor que teimava em aflorar de cada um de nossos poros;
Agridoce, era a sensação de que aquele momento acabaria brevemente.
Senti seu corpo contrair-se de prazer quando chegou o momento do desejo absoluto;
A seiva suave, porém ininterrupta, criava ali seu habitat;
A expressão de seu lindo rosto era ainda mais tentadora.
Suas mãos apertaram-me, expressando todo o desejo;
Suas pernas retraíram-se, num ápice de prazer descontrolado;
Nossos suores se encontraram, misturando-se numa química onde o tesão reinava.
Ainda éramos um;
Deixar de tocar-te seria bizarramente impossível...
Cada centímetro molhado de seu corpo clamava por mim.
Um beijo.
O fim daquele momento magicamente perfeito foi com um beijo.
Delicado.
Ardente.
Quente.
Molhado.
E, mais que isso...
Apaixonado.